O espelho de Narciso

sábado, 29 de outubro de 2005

Muros que defendem

Sentada no muro da escola, matando o tempo com pensamentos avulso, olho em volta e estranho a vida que vivemos.
Quantos muros reunimos à nossa volta, quantas portas trancadas, quantos códigos secretos?... Levamos uma vida inteira pondo pedra sobre pedra e levantando muros que nos protegem, muitas vezes de nós mesmos. Ao construirmos esses muros, receosos do que nos pode ameaçar, acabamos por os tornar muros que nos prendem. E vivemos uma vida por metade, sufocados por muros que imaginamos ser defesas mas que nos enfraquecem em vez de nos tornarem mais fortes.
Enquanto este pensamento entra ligeiro em mim, dá-me vontade de gritar e derrubar esses muros numa proclamação de liberdade e da força que sei ter em mim, tornada frágil pela inactividade forçada. Mas depois o pensamento voa ligeiro para outro lugar, deixando-me rodeada de muros que, de tanto pensar que me defendem, não consigo derrubar...