O espelho de Narciso

terça-feira, 3 de maio de 2005

Teorias sobre... ‘clics’

Pois é, há muito tempo que não me deparava com a clássica discussão do “amor à primeira vista”. E eis que, em conversa animada com uma amiga recentemente apaixonada, surge a questão “Porquê? Explica-me a razão...”. E voltamos à eterna questão, que nunca ninguém conseguirá responder, apesar de a todos surgir num ou noutro momento.
Mas falemos do famoso ‘clic’... Esse fenómeno interessante que é o cartão de visita do amor à primeira vista, que ninguém sabe de onde vem e por que razão, mas que surge. É um facto, ele surge! Se é sinal de amor, já não sei dizer, e provavelmente ninguém poderá afirmar com certeza que assim é. Surge apenas, como um sinal sonoro que nos avisa da chegada de... algo. Pode ser o modo de falar, andar, olhar, rir, mexer no cabelo, sorrir, franzir o sobrolho, perguntar as horas, pedir indicações, que nos chamou a atenção por razões desconhecidas... Pode ser um milhão de coisas que sentimos, mais do que conscientemente detectamos, que a pessoa que cruzou o nosso caminho nos transmite através dos gestos e das palavras. Ou então... pode até ser, como professam os mais crentes, o cupido a fazer das suas e a mostrar-nos o caminho do amor, no primeiro instante, no primeiro olhar.
Bem, devo confessar que sou descrente! Aprendi a desconfiar dos ‘clics’ desde o momento em que metade da minha turma estava apaixonada pelo mesmo rapaz, curiosamente o mais giro de todos, e eu passava indiferente sem perceber para quê tanta euforia. Aprendi a atribuí-los mais à atracção do que a amor verdadeiro... Paixão, “sim, porque não?”, atracção, “com certeza!”... Amor? Não creio. Aprendi, amando, que o amor pode e deve ser cultivado. Aprendi que um ‘clic’ pode trazer muitos enganos, mascarados de belos sentimentos, é certo, mas ainda assim enganos.
Talvez não concordem comigo... Talvez com muitos de vocês os ‘clics’ se tenham revelado certos e revelado a cara metade que amam (ou amaram) de todo o coração. Mas eu não sei pensar assim... Porque os ‘clics’ não me trouxeram mais certezas, mais sentimentos verdadeiros, mais relações perfeitas ou mais amor do que os sentimentos que cresceram e se desenvolveram diante de mim. Mas, tal como ninguém pode provar que o ‘clic’ existe e resulta, também eu não posso fazer “finca pé” da minha perspectiva. São apenas modos diferentes de sentir e de viver o Amor. E quem sabe o que estará ao virar da esquina, para nos mostrar a sua verdadeira essência?

1 Comments:

  • Com este texto fizeste-me recordar uma frase que gosto muito. Dita assim: "O desejo é um amor à primeira vista, a paixão, um amor à segunda.. O Amor... bem, não há duas sem três!" :)
    Eu só trocava o termo vista por conhecimento, já que considero que só podemos gostar daquilo que conhecemos,mesmo que de um bocadinho se trate...! ;)
    *

    By Blogger Vida, at 5/5/05 01:20  

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