O espelho de Narciso

segunda-feira, 27 de junho de 2005

Saudades...

Passaram os santos populares, as festas do meu coração, enquanto eu estudava e trabalhava suadamente... Santo António e S. João estão guardados no peito com a marca da saudade, recordando alturas felizes da minha vida!
Nunca vou esquecer a experiência que foi descer a Avenida, no ano passado, em noite de Santo António, de saia rodada e sorriso no rosto, transportando ao peito com orgulho o bairro que foi meu durante dois meses de esforço e dedicação. Ainda me lembro das lágrimas que marejaram os meus olhos no final e na saudade que sinto desses amigos e desse convívio fascinante, diferente e caloroso. Foi há um ano... e este ano assisti às marchas de longe, bem longe da minha terra, com o coração apertado de saudade e de desejo de voltar a descer aquela avenida, sorridente e emocionada.
Por S. João também marchei, ainda em tenra idade, no colégio a que chamei casa durante meia vida. Todos os anos o nosso Arraial era um local de encontro, de diversão e de alegria, salpicado de despedidas que eram um "até Setembro". Levávamos a noite inteira a comprar rifas, na esperança de ganhar aquela bicicleta fantástica, enquanto nas mesas onde os pais conviviam cresciam as pilhas de discos de vinil e sabão azul e branco e se alinhavam garrafas de óleo. Era o dia em que podíamos explorar os recantos dos jardins e dos campos à noite e juntarmo-nos atrás do bar para conversar. E, quando alguns de nós já tinham saído, era o momento de todos os reencontros! Os convites que recebi para o Arraial este ano fizeram-me recordar com saudade o colégio onde cresci, com os seus belos jardins, o calor humano que nos faz sentir uma grande família, os sorrisos que ainda recebo quando vou lá matar saudades... E, apesar de tanto reclamarmos enquanto andamos lá, sabemos que somos amados como filhos e que somos sempre benvindos, sempre acarinhados! E é por isso que gosto tanto de lá voltar...