O espelho de Narciso

segunda-feira, 15 de agosto de 2005

Crónicas de dias de ócio e de sol

Estou de volta... De volta dessas férias deliciosas que souberam tirar-me o cansaço do corpo e deixar-me a pele morena, da movimentada Costa del Sol e do cantinho pacato do Algarve que tanto adoro. E, na volta, trago comigo a recordação desses dias de ócio e de sol, salpicados de sal e de areia, quentes e preguiçosos.
Partilho agora convosco, aqui, pequenos momentos e divagações que tornaram estas férias um pouco mais especiais...
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Casino
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Torremolinos. Uma vez mais. Numa rotina que sabe bem, num lugar onde somos acarinhados como família. E, este ano, uma surpresa, combinando com o calor mediterrâneo e as noites de lua cheia e horizonte repleto de luzes cintilantes, chegam-nos os ritmos escaldantes e românticos de além-mar: da Argentina.
Três rapazes – o de barba e com ar calmo do piano e da harmónica, o careca do saxofone e do clarinete que vibra ao máximo e o vocalista, magro, sorridente e enérgico que se parece estranhamente com o Jorge Gabriel – fazem-nos as delícias enquanto tomamos as nossas bebidas. Músicas e sons fantásticos a acompanhar uma voz maravilhosa, alegria e boa disposição, que mais poderíamos esperar deste grupo chamado Casino e que nos traz toda a gana de viver da Argentina?
24 de Julho de 2005
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Passeios à beira-mar
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Na calma deste cantinho do Algarve à beira-mar plantado, apetece embalar a alma. E haverá melhor sítio par tal do que a minha linda praia?
O Sol da tarde encontra-me sempre passeando na areia molhada, com as ondas a lamberem-me os pés e a salpicarem as pernas. Gosto do turbilhão de pessoas da tarde alturense, das crianças a chapinhar nas pequenas lagoas construídas com amor, dos adultos que se divertem mais que os próprios filhos com baldes, pás e areia, dos casais que passeiam de mãos dadas, de todos (quase sempre homens) os que aproveitam a extensão da areia molhada para fazer as suas corridas para manter – eu diria mais (tentar) recuperar – a forma, do nadador-salvador sempre rodeado de raparigas... Gosto de observar a pele morena, os sorrisos e as traquinices de quem está de férias, despreocupado, livre. E gosto de andar apenas, com a água a salpicar-me as pernas, perdida nas minhas divagações, com o olhar mergulhado no horizonte ou na dança do sol com as nuvens, que forma imagens lindíssimas.
Nas minhas deambulações à beira-mar, alcanço sempre um pouquinho de paz. Sozinha num ponto mais ou menos deserto da praia, liberto os sentidos e deixo-me invadir pelo mar. Os sons, os cheiros, as cores e as sensações que essa vasta massa de água me oferece percorre-me, desperta antigas memórias, sacode sonhos escondidos, liberta as preocupações e os desgostos... Uma canção brota dos meus lábios, uma lágrima dos meus olhos, um suspiro do meu peito. Inspiro uma golfada de ar carregada de tranquilidade e sinto-me rejuvenescida, lavada e serena. Sorrio ao olhar para a lonjura do horizonte azul e para o interior de mim. E, saboreando o vaivém das ondas, inicio a caminhada de regresso...
7 de Agosto de 2005
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O prazer de escrever uma carta... de esperar uma carta
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O meu desprezado telemóvel jaz no fundo do saco de praia, como se tornou hábito nestes dias de férias. Passa horas lá, esquecido e silencioso... E, enquanto o arranco do exílio a que o sujeito longa e inadvertidamente, lembro-me de quem está longe. Tantos amigos, que também devem esquecer o telemóvel no fundo do saco de praia, de férias do mundo...
Nesse instante, um pensamento à solta brota do meu espírito... Recordo um outro Verão, longe no tempo, passado noutro lugar, cheio de algo quase esquecido: cartas. Foi um ano especial, recheado de novidades forjadas a tinta azul e de desejos tornados realidade na corrida matinal até à caixa de correio. Sabia tão bem escrever longas páginas, juntar-lhes flores secas, recortes de revista e fragmentos de mim, selar o envelope e escrever a morada tão bem conhecida com todo o cuidado, para que chegasse ao seu destino. E sabia ainda melhor contar os dias para a carta chegar, imaginar o tempo de duração da resposta, calcular os dias necessários para voltar e a partir daí correr todas as manhãs à caixa do correio para receber a missiva tão desejada, cheia de respostas, curiosidades, desenhos, perguntas e, mais importante que tudo, pesada de amizade e de saudade, sentimentos partilhados à distância... à distância de uns quantos dias e de várias mãos dos Correios, para nos chegarem ainda intactos, gigantes, doces e eternos.
Saboreio esse prazer recordado durante os instantes que a memória me concede, antes que a nostalgia apague tudo o mais. Onde anda esse prazer de escrever uma carta, de encher longas folhas de uma letra miúda e cuidada, de verificar dúzias de vezes o endereço e de esperar ansiosamente a resposta? Onde anda o prazer de abrir a caixa de correio para tirar os panfletos de publicidade e descobrir um envelope ou postal com uma letra familiar, que nos lembra amizade e nos enche de saudade? Onde andam esses prazeres, agora que outros meios tornam a distância mais curta mas também a saudade mais descartável?
Enquanto estes pensamentos surgem, olho para o telemóvel na minha mão e, estranhamente, apetece-me deixá-lo no fundo do saco e escrever uma montanha de cartas. Que falta me fez de repente a agenda que tenho no fundo da gaveta, lá em casa...
10 de Agosto de 2005
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Coisas que a-do-ra-mos saber
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“As pessoas que têm por hábito o consumo regular de doces, em especial chocolate, têm maiores probabilidades de terem uma vida prolongada. Segundo um estudo publicado no British Medical Journal, o motivo prende-se com os fenóis antioxidantes existentes no chocolate, que, consumidos uma a três vezes por mês, reduzem em 36% o risco de morte. É caso para dizer que o que é doce nunca amargou...”
in Activa, Agosto de 2005
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É sempre reconfortante, em especial num mês que faz as torturas de muitos. Uma lufada de (científico) ar fresco que afasta os medonhos fantasmas da balança e da diabetes...
11 de Agosto de 2005

1 Comments:

  • Ena ena! Está de volta a menina! Espero que as férias tenham sido muito boas e tenhas aproveitado. Beijinhos muito muito grandes :)
    Benvinda de volta à blogosfera

    By Blogger Palroni, at 17/8/05 14:04  

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