O espelho de Narciso

sábado, 11 de dezembro de 2004

"Recomeçamos. Não nos rendemos."

Travei conhecimento com o livro que escolhi (por motivos de ordem prática) para a minha viagem Odivelas-Almada-Odivelas numa aula de Filosofia do 11º ano. Não me perguntem qual a temática da aula, porque não me lembro, mas o trabalho prático proposto pela professora tinha como fonte um excerto de A morte de um apicultor, de Lars Gustafsson, um autor sueco muito conhecido em terras escandinavas mas pouco divulgado neste canto da Europa. Gostei do tema – o amor –, gostei das questões filosóficas que levantava e fiquei com vontade de o ler.
E li... Descobri que este livro existia cá por casa e tornou-se para mim de leitura obrigatória. De vez em quando volto a estas páginas, não só para me deliciar com a bela forma de escrever que este autor nos oferece mas também para reflectir acerca das temáticas com que uma pessoa que está a morrer se depara, a retrospectiva da vida, a natureza, a sociedade, sempre com um “recomeçamos, não nos rendemos” de fundo.
Recomendo-vos vivamente que leiam, principalmente nós, estudantes de Psicologia, a quem nos interessam tanto estas questões mais metafísicas, e deixo-vos aqui com um excerto do excerto que me deu a conhecer o livro e com outras frases soltas que me fazem pensar... bastante!

“Quando amamos alguém, ou melhor, nos apaixonamos por alguém, por que é que nos apaixonamos verdadeiramente? É uma ideia da pessoa amada, ou é a pessoa propriamente? Talvez só sejamos capazes de viver com as nossas ideias. Talvez sejam sempre as nossas ideias que amamos.”

“Aconteceu, simplesmente, que eu tive uma experiência totalmente nova, totalmente inesperada: o amor. Foi, evidentemente, catastrófico, e eu soube desde o princípio que iria ser assim. Mas não havia catástrofe que me assustasse. Quando penso na maneira como agi, parece de facto que estive sempre a desejar uma catástrofe.”

“Quando o subconsciente é abandonado a si próprio por um momento, ele começa, muito simplesmente, a tecer uma trama. Cria uma identidade para si próprio, adapta-se ao meio e produz diligentemente novas formas de preencher o súbito vácuo que se cria quando esquecemos a realidade imediata. Parece não haver nada de que o subconsciente tenha tanto medo como a sensação de não ser ninguém.”

“O vento amainou. A tempestade passou. Já não sopra o vento. Ou talvez eu tenha aprendido a deslocar-me à velocidade do vento e por isso já não o sinta.”

“Se esta carta contém a minha morte, recuso-a. Não devemos querer nada com a morte.”

Espero que vos aguce o apetite para esta leitura e para este repensar da vida. E eu volto, mais tarde, quando acabar de ler o livro, com mais excertos interessantes.

1 Comments:

  • Livro favorito. Nao apenas pra pessoas de psicologia. A minha namorada é de psi e não gostou, eu sou de informática e gostei :P\
    Bom post

    By Blogger Nuno Job, at 4/3/09 04:07  

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