O espelho de Narciso

quarta-feira, 1 de dezembro de 2004

Chuva

Chegou o Inverno triste e choroso, este ano mais tarde do que o habitual! O Tempo está de cenho carregado, coberto de nuvens negras e tenebrosas, e as suas lágrimas ensopam a terra e inundam o mundo. E estes dias de luz artificial, pés encharcados e roupa húmida fazem-nos desejar o conforto da casa e o calor de uma lareira!
E é nestas alturas que eu penso em teorias da conspiração. Parece que o Senhor Tempo anda zangado e sempre pronto a gorar os planos dos comuns mortais. Basta dizer “vou tomar um café à rua” e desaba imediatamente uma carga de água.
E eu, particularmente, tenho a sina do Bairro Alto. Não vou lá muitas vezes, mas é certinho como o Destino que no dia em que me lembro de acompanhar os meus amigos nas ruas estreitinhas e bares pequeninos desse bairro lisboeta alguém lá por cima decide abrir as torneiras.
Ontem apanhámos uma bela molha ao lutarmos por um jantar às 11h da noite... Quatro pessoas enfiadas debaixo de um só chapéu de chuva (e muita sorte tivemos nós de ser grande o suficiente para que todos pudéssemos chegar menos molhados do que o esperado), a subir e descer ruas de calçada escorregadia, agarrados uns aos outros para não cairmos, foi uma bela ocasião para chegarmos com mais 2 Kg de água no corpo ao restaurante. E é quase desnecessário dizer que foi a parte da noite em que choveu mais... Esta nossa aventura de ontem fez-me lembrar a última vez que tinha posto os pés naquela parte da cidade. Estávamos em Maio, a comemorar o aniversário da Ana Elisa. E, imaginem, choveu! E bem... Digam lá se não é mesmo sina minha?
É realmente uma chatice andar à chuva e não conseguir pôr um pé na rua sem ficarmos logo molhados. Mas pelo menos fica sempre qualquer coisa para recordar: as figuras que fazemos apertados debaixo de um chapéu, as risotas que a situação ridícula em que nos encontramos gera, as desistências de uns que deixam os outros a apanhar chuva no meio da rua, os chapéus de chuva que servem de bengaleiros e suportes para as mãos, as “boleias” até ao outro lado da rua... enfim, um conjunto de situações caricatas que apimentam ainda mais as nossas sempre risonhas saídas!