O espelho de Narciso

terça-feira, 30 de novembro de 2004

O molde com que criamos a vida

Quis olhar e compreender... Compreender como nasce o Sol, que não nasce como eu nasci; compreender como cresce uma flor, que cresce de forma diferente à minha; compreender como morre uma árvore, que não morre como eu vou morrer; compreender como são os outros seres, que são como eu mas que pensam, sentem e vivem de modo diverso aos meus sentir, pensar e viver.
Porque não compreendo então? Porque só posso avaliar o que vejo pelo que sei, que é como eu nasci, como cresço, como vou morrer e como penso, sinto e vivo. Olho para mim e uso-me como metro para medir o mundo à minha volta. Erro, porque eu não sou uma medida, porque ninguém é comparável a mim ou a qualquer outro. Surpreendo-me, porque medi errado e encontro o que não espero. E finalmente percebo que o molde com que criei a vida à minha volta está velho e quebrado, eu não sou um metro e cada um de nós é só um, único e incomparável.
E é assim que olho e compreendo... compreendo que a riqueza da vida está em quebrar o molde velho e descobrir realidades surpreendentemente diferentes de nós!