O espelho de Narciso

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Tempestade num copo de água

Pegue-se numa dose generosa de paciência e junte-se a incerteza. Amasse-se durante dois longos anos, enquanto adiciona aos poucos o prazer, até obter uma massa homogénea de contentamento e satisfação. Reserve.
Numa tigela, bata vigorosamente o sentido de subaproveitamento com a valorização, adicione uma pitada de esperança e duas gotas de desilusão. Junte ao preparado anterior.
Unte uma forma com uma noz de solidão e verta nela o preparado. Leve ao forno, a temperatura média, por tempo indeterminado.
Entretanto, prepare uma calda de felicidade. Junte uns decilitros de alegria líquida a um quilo de justiça. Adoce com reconhecimento e remate com um brilho no olhar.
Verifique a cozedura do bolo e desenforme-o com cuidado. Regue com a calda e polvilhe com um sortido de sorrisos.
Acondicione numa caixa transparente e sele hermeticamente.
Aviso: Preparado instável. O consumo excessivo da ambiguidade do produto final pode ter efeitos nocivos. Preservar em local isento de stress.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

A ti

Como posso alcançar-te?

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Retorno

Não sei por onde andei... Perdida nos meandros da vida, presa aos mil tentáculos dos compromissos, cansada das jornadas profissionais, deixei-me embalar pela rotina do dia-a-dia. E hoje volto, talvez para tentar encontrar-me de novo.
Sinto falta de tanta coisa... Este espaço foi o meu reflexo durante um tempo que me pareceu eterno e resplandecente. Tenho saudades do tempo para mim, do tempo para os meus amigos, do tempo para viver um pouco mais. Trabalhar é demasiado absorvente, sobra apenas tempo para sobreviver. Por vezes é preciso agitar a vida, sacudir o torpor e deixar a espontaneidade voltar ao corpo ainda jovem. Cada fibra de mim anseia por essa catarse e eu agonizo, presa ao chão.
E é nestas altura que sinto a falta da escrita. Esta é a ponte que posso construir entre os mundos apartados de mim. Este é o caminho escondido que posso caminhar para chegar a outra dimensão. Este é o cantinho onde me posso aninhar e sonhar, mais uma vez. E chorar, se precisar. E gritar, para extravasar o tanto que há dentro de mim.
Voltei... pelo menos por um instante, para voltar a encontrar-me!