O espelho de Narciso

segunda-feira, 27 de março de 2006

Da beleza dos gestos

Um dos gestos mais belos é aquele abraço que ajuda a desatar nós na garganta e diz bem melhor do que as palavras aquilo que sentimos.

domingo, 26 de março de 2006

Dia de Primavera

Caminhava como quem dança. O seu corpo esguio soava como um violino trespassado pelo vento, com ténues acordes afagando as faces rosadas. Caminhava na relva, indiferente ao suco que desenhava nos bordos das suas calças runas esquecidas, e os seus passos leves quase não deixavam marcas nesse tapete que a Natureza desenrolava a seus pés. O Sol sorria para ela e ela sorria para o Sol; alimentavam-se dos sorrisos mútuos e competiam na luminosidade que irradiavam.
De repente, estacou. Na sua frente, uma borboleta adejava delicadamente, batendo as asas ao ritmo do seu coração. Seguiu-lhe o voo cheio de caminhos secretos, acompanhou-a até às alturas e fechou os olhos, soprando-lhe um adeus de incentivo. Deitou a cabeça para trás deixando a brisa carregada de odores acariciar os cabelos soltos, os braços ergueram-se como asas sedentas, ansiosas por partir, e insuflou o peito de ar. O ar quente aconchegou-a e deixou-se escorregar lentamente até ao chão. Ficou muito tempo deitada de costas, rodeada de delicadas flores brancas, a contemplar o céu muito azul, os pequenos farrapos penugentos de nuvens e a folhagem densa das árvores a dançarem ao som da aragem. Sorrindo.
E ele, empoleirado na janela, bebia os seus gestos, sorria como ela e saboreava, com ela, secretamente, a paz e a simplicidade daquele dia de Primavera.

sábado, 25 de março de 2006

Flutuo

Os meus posts, o meu humor, a minha vida... Cada um é reflexo do outro e assim ando eu, flutuando entre pólos. Não sei porquê... e creio que já desisti de tentar entender! Porque assim sou eu, um barco um pouco à deriva, um pouco controlado...

GRITAR

Ahhhhhhhhhhhhhhhh!!!!!
Há dias em que apetece GRITAR. Só para libertar a pressão inexplicável no peito... Só para sacudir da vida o que não se compreende! Mas fica sempre uma sensação de incómodo que nos recorda que algo nos perturba e existe, apesar de não sabermos o que é. Gritar apenas alivia...

domingo, 19 de março de 2006

A florescer

De dia abro os olhos. Vejo as coisas como um fotógrafo. Procuro. Olho. Encontro. Abro a minha alma como quem pega na máquina fotográfica, quero encontrar o momento.
Jordi Nadal, Tão perto de ti

E, numa viagem, quantas vezes olho e desejo manter presente as surpresas que se sucedem em cada curva do caminho. Impossibilitada de disparar a minha eterna companheira, capto com o olhar toda a beleza de um quadro de sonho, verdejante e natural. E guardo, na caixinha de recordações na alma, a delícia de ver toda essa vida a florescer ao som de riachos a correr e pássaros a trinar.
Esta chuva que faz o solo despontar em manchas de verde lava também a minha alma e põe-na a entoar risos de felicidade!

sexta-feira, 17 de março de 2006

Raios partam!

Raios partam o meu feitio! Falar sem pensar, com o coração a latejar nos ouvidos que me ensurdece a razão, magoar sem intenção e ficar sentida e desgostosa de mim mesma, porque sou bruta, porque não meço as palavras, porque digo o que não quero dizer, porque desiludo e entristeço alguém.
Quantas vezes lembro a história dos pregos, quantas vezes me censuro e puno, quantas vezes prometo a mim mesma que vou ser mais reflectida...? Mas este maldito feitio insiste em vir à tona! E depois fica só uma revolta surda que me macera o ser, num emaranhado de culpa e tristeza, sabendo que mil desculpas não curam a feridas das palavras ou gestos aguçados... E não há nada que atenue essa minha dor, porque eu própria não me perdoo. Ainda tenho muito para aprender e mudar...

Desculpa!*

sexta-feira, 10 de março de 2006

Em mim...

A realidade não subjuga, a fantasia não capitula.

quarta-feira, 8 de março de 2006

Minutos roubados

Convidaram-me para um café e meia dúzia de palavras, entre um ir e vir, que eu declinei com tristeza por precisar “de ir”. Não convenci e meio argumento depois estava convencida. E ainda bem!, porque aqueles 10 minutos de conversa a quatro, de chávenas de café à frente, foram os minutos mais deliciosos do meu dia. Ainda bem!, porque esse momento me deixou com um sabor de alegria e conforto, que eu sei ser tão importante para amenizar o meu dia.
Se há coisas imprescindíveis na (minha) vida, esta é uma delas!

sexta-feira, 3 de março de 2006

Findo

Encerra-se hoje um capítulo da minha vida, da minha formação. Foi um (quase) adeus à escola, com visita programada para entrega dos últimos documentos e do relatório ainda em falta. Um dia sem lágrimas...
Na verdade, foi um dia de sorrisos, e de sorrisos tão diversos! O sorriso nostálgico da sensação de final de algo tão amado, o sorriso sincero de “Boa Sorte” desejada aos meus miúdos, como carinhosamente lhes chamo, os sorrisos devolvidos por eles, os sorrisos surpresos da conversa de apreciação do estágio, sentadas naquela mesa que assistiu a tantos cruzamentos de conhecimentos, perguntas, dúvidas e apoio, os sorrisos de “até já” e “até sempre” que insisto em manter. E tudo isto porque sinto que pertenço à escola, a essa escola que me acolheu de braços abertos, que me deu tantas oportunidades para aprender e crescer, que me proporcionou tantas experiências inesquecíveis! Porque, no fundo, não sinto esta despedida como um ponto final definitivo, apenas como um “até já”, até que volte ao meio onde me sinto plenamente realizada: a Escola!
Numa só linha: um adeus, até já a uma experiência 100% positiva!

Partilhar

Ando com um pensamento amachucado no bolso... amarrotado, guardado, mas não esquecido. Um pensamento que me recorda algo que não quero perder nunca na vida, algo por que luto, mesmo no sufoco deste 5º ano intenso e absorvente. Algo que desejo não esquecer nunca...
Aqui vos deixo, finalmente recuperado do bolso, num momento roubado ao trabalho infindável:

Para entendermos todo o valor da alegria temos de ter alguém com quem a partilhar.
Mark Twain