O espelho de Narciso

domingo, 30 de outubro de 2005

Branco total

“Branco total na minha vida amorosa”... Usei esta expressão espontaneamente, sem me debruçar sobre ela um segundo mais do que o tempo de a escrever. Mas por alguma razão ficou a ressoar em mim...
Talvez outra pessoa, ou eu própria noutro momento, tivesse dito mais facilmente “negro total na minha vida amorosa”. Mas afinal é o branco total que melhor define a minha postura face ao amor, agora... Porque não vejo este momento de solidão como uma ausência mas como a presença de uma infinitude de possibilidades ao virar da esquina, ainda que não saiba quando e como vou chegar a ela. Apenas sei que essa esquina existe, algures, na minha vida... E, neste momento, sou uma folha em branco onde se traçará o meu caminho... seja ele qual for!

sábado, 29 de outubro de 2005

Receita errada

Quem me fez certamente enganou-se na receita! Alguma janela aberta deixou o vento travesso entrar e folhear o livro de receitas, enquanto o cozinheiro juntava ingredientes sem se interrogar acerca da estranheza e mistura do preparado. Ou então enganaram-se na gráfica e imprimiram receitas sobrepostas, que a distracção do cozinheiro não deixou detectar.
Seja lá como for, não tenho dúvidas de que sou um desastre culinário! Só assim se pode explicar uma mistura tão estranha de ingredientes: expansão e timidez, optimismo e pessimismo, esperança e descrença, empenho e desalento... Quem tropeça em mim num primeiro momento não consegue evitar uma expressão de espanto por tão curioso resultado. A esses digo apenas: culpem o cozinheiro! Eu já saí do forno assim...

Muros que defendem

Sentada no muro da escola, matando o tempo com pensamentos avulso, olho em volta e estranho a vida que vivemos.
Quantos muros reunimos à nossa volta, quantas portas trancadas, quantos códigos secretos?... Levamos uma vida inteira pondo pedra sobre pedra e levantando muros que nos protegem, muitas vezes de nós mesmos. Ao construirmos esses muros, receosos do que nos pode ameaçar, acabamos por os tornar muros que nos prendem. E vivemos uma vida por metade, sufocados por muros que imaginamos ser defesas mas que nos enfraquecem em vez de nos tornarem mais fortes.
Enquanto este pensamento entra ligeiro em mim, dá-me vontade de gritar e derrubar esses muros numa proclamação de liberdade e da força que sei ter em mim, tornada frágil pela inactividade forçada. Mas depois o pensamento voa ligeiro para outro lugar, deixando-me rodeada de muros que, de tanto pensar que me defendem, não consigo derrubar...

quinta-feira, 27 de outubro de 2005

Sorriso de felicidade

É tão bom ver um sorriso de felicidade estampado no rosto de um amigo! É tão bom saber que cada um de nós é capaz de alcançar os seus sonhos! É tão bom poder saborear essa felicidade como se fosse nossa!...
Para ti, amigo, desejo-te toda a sorte e felicidade do mundo! Porque sei que a mereces... E nunca te esqueças de cuidar do que viste crescer de uma forma tão bonita.
Beijos gigantes e SÊ FELIZ!

quinta-feira, 20 de outubro de 2005

Telegrama

Estou bem STOP Estágio óptimo, fase de adaptação STOP Amanhã levantar cedo STOP Beijos STOP

Fugaz

Passo por aqui, entre uma coisa e outra para fazer. Com pena. Pena de tantas experiências para partilhar, empurradas pelo amontoar de trabalho e sono para um canto poeirento. Não há paz para me sentar com calma e deixar as palavras fluírem. Há apenas uma fase de adaptação que me deixa de pálpebras pesadas e braços cansados.
Passo fugaz por aqui... Mas hei-de voltar! Cheia de novidades, vibrante da nova vida. E aí sim, de pálpebras menos pesadas, vou deixar as palavras fluírem.

sexta-feira, 14 de outubro de 2005

O último dia

São estas horas indecentes e acabei de chegar a casa... O meu (oficialmente) último dia de praxes termina em beleza e com tudo a que tive direito. Foi talvez um dos dias que vivi mais intensamente, já com uma pontinha de nostalgia mas com uma vontade incrível de o viver por completo, de absorver em pleno a experiência fantástica que é. Algo que hei-de recordar sempre!...
E, como são estas horas indecentes, estou morta de sono a teclar estas palavras que já não encontraram lugar no meu abarrotado coração e simplesmente tiveram de transbordar. Talvez depois, numa hora menos sonolenta, volte para partilhar convosco todas as emoções de um dia inesquecível... Até lá!!!

segunda-feira, 10 de outubro de 2005

Mimos

Há dias em que só apetece pedir mimos a cada amigo que encontramos e temos na nossa vida!...

sexta-feira, 7 de outubro de 2005

Lágrimas

As lágrimas que não saem depositam-se no coração, com o passar do tempo vão formando uma crosta e paralisam-no, como o calcário se encrosta e paralisa as engrenagem da máquina de lavar.
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Susanna Tamaro, Vai aonde te leva o coração
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Por isso já desisti há muito tempo de as esconder no fundo do meu ser... Chorar liberta-nos da angústia, do sufoco, da inquietude do que nos magoa ou aflige. Chorar afrouxa e desata os nós apertados em volta do peito que nos travam a respiração e nos sufocam com preocupações e mágoas. Chorar dá-nos os nossos cinco minutos de desespero e desesperança, para depois secar os olhos, erguer a cabeça e enfrentar as adversidades com uma nova determinação. Por isso faz tão bem chorar...

quarta-feira, 5 de outubro de 2005

Toponímia

O que um plural faz à vida de uma pessoa!...

Definições

odilice s. f. acto ou acontecimento desastroso, irreflectido ou desorientado que provoca consequências negativas em terceiros (de odília + -ice).

odilite s. f. doença mental causada por uma ou mais odilices, caracterizada por comoção emocional intensa, ansiedade patológica, desorientação, episódios neuróticos e crises de choro; mau prognóstico no caso de presença de factores de risco como pertença a variante de orientação e frequência de estágio; tratamento desconhecido (de odília + -ite).

terça-feira, 4 de outubro de 2005

Tempo

O tempo dá-nos a tranquilidade e a distância necessárias para olhar e ver com mais clareza... Devolve-nos a paz depois do turbilhão das emoções passar... E, principalmente, o tempo tem o condão de nos dar a percepção do passado, de um passado que já não volta e ao qual já não voltamos, porque é uma vida que já não nos define.
Por isso, é bom olhar para trás e reconhecer todas as coisas boas e más que nos aconteceram e nos construíram, com as quais crescemos e aprendemos, que aceitamos como parte integrante da vida que já passou e nos ajudam a olhar para o futuro com outro olhar... Para que possamos ser cada vez melhores!