O espelho de Narciso

terça-feira, 11 de novembro de 2008

A ti... Ao mundo!

Preciso de te deixar ir e sei que, para que o possa fazer, tenho de te tornar sólido, real. Foste silêncio por todo este tempo, dar-te-ei forma em palavras agora. Não sei dizê-lo a ti... Digo-o ao mundo, a todos e a ninguém! Princípio, meio e fim...

“Amei tantas vezes por piedade, num impulso de salvar alguém. Amei por desejo, pela aventura. E agora assalta-me um pensamento que não é piedade, que não é desejo, que nem sequer sei se é amor. É um sentimento de compreensão e de admiração, uma sensação simultânea de desafio e cumplicidade. E não sei o que fazer com esse sentimento! Só sei que quero aproximar-me de ti...”

“Creio que estou à espera de um gesto teu... E o gesto veio! Apanhou-me desprevenida e deixou-me meio tonta, como se aquelas palavras tivessem ganho forma e embatido em mim. Há um grito de reconhecimento nessas palavras, tão real que dói. Procuro-te uma vez mais, encontro-te e as nossas almas quase se tocam, mas os meros centímetros que nos apartam são como anos-luz, intransponíveis numa só vida.”

“Sonho-te ainda. És indelével, não sei apagar os vincos que sulcaste na minha alma. Por mais que te racionalize, os meus sonhos traem-me e os meus olhos buscam-te, e quero saber de ti e ser parte da tua vida. E é em tão pequenos gestos teus que me perco, uma e outra vez, sempre. Apenas porque te amo... Não posso negá-lo e não consigo esquecê-lo. Resta-me viver com tal sentimento e não esquecer a realidade. Porque sei que não és meu!”